Clichês

 

 

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Não espere que nessas linhas você vá ler aquelas coisas todas que as pessoas dizem quando terminam relações. Por aqui você não vai me ver dizendo que meu coração aperta de saudade e que sua lembrança é presente em mim a todos os momentos. Muito menos vai ler por aqui que meu coração dispara quando vejo alguém parecido com você na rua e preciso ir bem perto para ter certeza que não é você. Eu jamais te contaria por aqui que, as vezes, quando encontro essas pessoas com traços físicos iguais ao seus, eu fico ali olhando e pensando em como seria minha reação se realmente fosse você. Até me dá vontade de ir até lá pedir um abraço para ver se amenizava alguma coisa aqui dentro.

Que nem passe pela sua cabeça que eu usaria este texto para dizer que foi difícil quando abri minha mala e suas roupas estavam lá, que seu cheiro ficou nas minhas cobertas, roupas, no meu corpo, nas paredes, no corredor e na sala da minha casa. Eu não teria coragem de te confessar aqui que o seu pijama, aquele que você me deu para eu me sentir aquecido e confortável aquele dia, estava na minha mala escondido. Agora está na minha gaveta e talvez no próximo inverno eu o use, mesmo sabendo que será extremamente doloroso, que minha cabeça entrará em parafuso com tantas lembranças e que meu travesseiro ficará alagado com minhas lágrimas seguidas por soluço.

Não espere que nessas linhas eu teria coragem de dizer que a nossa aliança está na gaveta, que ela ainda faz falta no meu dedo. Nem que um dia senti vontade de sair de casa com ela, pois mesmo quando estávamos juntos ela nunca representou uma prisão, mas a pura liberdade para a nossa felicidade.

Que nem passe pela sua cabeça que nesse texto eu falarei que ainda imagino nossos filhos crescendo na nossa casa e brincando na rua com os filhos dos vizinhos e aquele clima de família habitaria em nosso lar.

Eu jamais teria coragem de te contar por aqui que metade da minha solidão tem nome, sobrenome e um abraço seria capaz de acalentar meu coração. Que me senti desprotegido quando não tinha mais a sua voz para dizer que amanhã as coisas ficariam bem. Que tenho saudades daqueles olhos brilhando para mim, uma luz própria que me conectava a um outro nível de existência, me levava ao nirvana ou a qualquer lugar espiritual que eu ainda não tinha tocado antes.

Nem cogite possibilidade de que lerá por aqui que as vezes desço na rua da frente do meu prédio para ter certeza que você não está ali esperando eu abrir a porta.

A única coisa que você pode esperar que eu teria coragem de dizer neste texto é que a mágoa dói todos os dias desde a hora em que abro os olhos até a hora de fechar novamente. Que me acho ridículo por sofrer deste jeito por algo que eu sempre acreditei que saberia viver bem sem. Mas eu pararia por aí, não falaria que as vezes também me pego com sorrisos bobos lembrando suas caras e suas brincadeiras idiotas. E nem que fecho os olhos para tentar buscar nas minhas memórias você cantando para mim.

Eu jamais diria que tive que parar diversas vezes enquanto escrevia esse texto para secar as lágrimas,acalmar o coração que disparava quando a recordação era muito viva e que não foi fácil chegar até aqui.

Desculpe, eu sei que você esperava ler por aqui que eu ainda te amo como antes e que isso é vivo em mim como fogo que consome e alimenta a existência , dá direção ao caminho e à vida. Eu não teria coragem de escrever que espero a sua volta.

Desculpe.

Andrio Robert Lecheta, 09/07/2014, às 20:08 horas

Ao som de By Your Side ( LIfehouse)

 

 

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